Sunday, September 09, 2012

Minha Minha preocupação com a Embrapa

Carta enviada aos Companheir@s da Rede novaterbrasil,
Em 04 de setembro de 2012


Confesso que eu ainda não absorvi essa ideia do MAPA apresentar proposta “moderníssima” de absorção da ATER no seu espaço político (ideológico) institucional. O Jean Marc chegou bem perto de minhas preocupações, ao escrever que “o MAPA sabe muito bem disso, mas está com dificuldades de justificar o que é seu verdadeiro objetivo, que é abocanhar a ATER para o setor dito dinâmico da agricultura familiar, o 'agronegocinho'”.

Na realidade, vejo esse projeto de forma mais ampla. Um projeto que tem início, meio e fim. Que tem pés ancorados na pesquisa (Embrapa), os braços na extensão (essa do “agronegocinho”, como bem se referiu o Jean) e a cabeça nas Universidades Federais e Institutos Tecnológicos, como forma de construção de um conhecimento legitimador e formação profissional que atenda a este novo momento da Revolução Verde. Acho que é ai que mora o perigo. Estamos discutimos a Ater e fechamos os olhos para os demais segmentos que formam o tripé do processo de desenvolvimento rural do Brasil.

Acabo de ler a mensagem da Angela Cordeiro com a notícia da constituição de Centros de Vocação Tecnológica (CVT), em parceria com os Institutos Federais, como resultado da implementação da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Pnapo), publicada em 20 de agosto de 2012, pelo decreto nº 7.794, sendo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) o real protagonista desta ação que tem a parceria com o MAPA. Onde está o MDA? Qual o significado do isolamento desse Ministério que tem a vocação da articulação dos movimentos populares com o segmento da agricultura de base familiar? O que acontecerá com a agroecologia caso fique subordinada à Confederação Nacional da Agricultura? Onde estão as diretrizes formuladas em nossa Conferência Nacional de ATER?

Vejo com mais proximidade o segmento da pesquisa agropecuária, no qual pertenço e que é vinculado ao MAPA. Convivo cotidianamente com as dificuldades institucionais de se navegar contra a corrente epistemológica hegemônica, isto é, as pesquisas que dão legitimidade ao processo ampliado de acumulação capitalista das multinacionais dos venenos, sementes e demais insumos químicos. Para bom entendedor meia palavra basta para que se perceba as enormes dificuldades em se fazer ciência para o segmento familiar ou para a agroecologia.

Com a limitação de recursos financeiros, criou-se cotas de viagens, com isso, quem tem dinheiro externo, viaja e cumpre com seus compromissos e suas agendas com o agronegócio. Para os pesquisadores que dependem dos recursos do Estado para atenderem as demandas dos produtores que encontram-se às margens do circuito capitalista, para estes, as cotas, as dificuldades operacionais, as restrições orçamentárias (que obriga o pesquisador abrir mão de parte das diárias e estadas para que consiga viabilizar suas viagens) e, o mais grave, a redução paulatina da valorização e incentivo em se ligar nesse tipo de projetos. Cabe lembrar que o Macro Programa 06, aquela carteira de projetos destinada ao atendimento da agricultura familiar, deixou de ser contabilizada na avaliação do desempenho das Unidades de Pesquisas. Com isso, a Embrapa desestimula, pesquisadores e equipes para continuar nessas linhas de pesquisas. Isso é uma forma de desmonte, de privatização ou, como dizem mais recentemente, abertura de capital.

O que o agronegócio visualiza e persegue é o controle completo do sistema e não, apenas, algumas de suas partes, como a ATER. Considero que a questão das alterações no Novo Código Florestal (o de 15 de setembro de 1965) foi apenas a primeira beliscada. Penso que, muito em breve, teremos mais uma investida na Função Social da Terra e, com ela, o fim do processo de Reforma Agrária. Depois, a mordida final nas Unidades de Conservação, terras indígenas e quilombolas, etc.

A pesquisa oficial já está sob controle. Restam as Universidade e Institutos Tecnológicos que teriam a obrigatoriedade de se submeterem ao ensino que promova e dê sustentação para essa onda Neo Revolução Verde.

Quero concluir, com a reflexão de que os movimentos das agriculturas ditas “alternativas” e a agroecologia, conquistaram espaço, cresceram e se firmaram fora do âmbito do Estado. Este, por sua vez, teve que correr muito para acompanhar esse modelo que possuía o controle popular em suas entranhas. Nada mais justo, na perspectiva do sistema hegemônico, nesse momento em que o Brasil se coloca na dianteira no mercado de commodities internacionais, que o Governo neutralize politicamente os avanços desse sistema não formal (e informal, na maioria das vezes), transformando seus sujeitos em dependentes dos pacotes da multinacionais e desmonte as estruturas públicas que possam ameaçar o projeto maior de subordinação ao capital.

Ainda temos muito presente o significado do fim da EMBRATER no início do governo de Collor, o processo de desmonte do sistema de ATER que se seguiu, o fim do Serviço de Produção de Sementes Básicas, que era coordenado pela Embrapa e que tinha como objetivo socializar e difundir os avanços do Sistema Cooperativo de Pesquisa Agropecuária (SCPA) e, por fim, a forma como o agronegócio ocupou este 'locus' no cenário da agropecuária brasileira nestes vinte e poucos anos que se passaram.

Fico por aqui cada dia mais preocupado com o futuro,

Saudações,

Maciel

Sunday, May 15, 2011

Companheiros, não costumo colocar cópias de artigos publicados na mídia em meu Blog, mas esse texto do jornalista Lúcio Vaz desvenda os reais interesses de muito parlamentares que estão por trás da imediata alteração do Código Florestal. Vale uma leitura.

Porque um grupo de políticos quer mudar o código florestal- Publicado na Revista Isto É (jornalsita Lúcio Vaz)


Autor(es): Lúcio Vaz
Isto é - 09/05/2011

Levantamento de ISTOÉ mostra que pelo menos 27 deputados e senadores tinham pressa em aprovar a nova lei para se livrarem de multas milionárias e se beneficiarem de desmatamentos irregulares PARLAMENTARES NA MIRA DO IBAMA

Deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA)
Foi multado por exploração em área de manejo florestal em período de chuvas, vetado por lei

Senador Jayme Campos (DEM-MT)
Recebeu multa de R$ 5 milhões, por desmatar em Área de Proteção Permanente (APP)

Deputado Reinaldo Azambuja (PSDB-MS)
Autuado por alterar curso de rio para captação de água e por contaminar recursos hídricos

Deputado Paulo César Quartiero (DEM-RR)
Recebeu multa de R$ 56 milhões por destruir a vegetação nativa em área de 6,2 mil hectares

Senador Ivo Cassol (PP-RO)
Acusado de desmatar reserva legal sem autorização e de destruir vegetação nativa em Rondônia

Deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP)
Relator do projeto que agrada aos ruralistas por abrir brecha para desmatamento

Apesar do amplo apoio que o governo Dilma Rousseff tem no Congresso, um grupo de parlamentares tentou aprovar a toque de caixa, na semana passada, o projeto do novo Código Florestal brasileiro. Não conseguiu. Na quarta-feira 4, a bancada governista fez prevalecer sua força e a discussão foi adiada para a próxima semana. Por trás da pressa de alguns parlamentares, porém, não existia propriamente o interesse por um Brasil mais verde e sustentável. Reportagem de ISTOÉ apurou que pelo menos 27 deputados e senadores defendiam seu próprio bolso e estavam legislando em causa própria (abaixo, cinco casos exemplares). Todos eles já foram punidos pelo Ibama por agressão ao meio ambiente e o novo código que queriam aprovar a toque de caixa prevê anistia para multas impostas a desmatadores. O benefício se estenderia também a empresas e empresários do agronegócio que, nas eleições do ano passado, fizeram pesadas doações a esse bloco parlamentar ligado à produção rural.

“O adiamento é inevitável. É muito difícil analisar uma coisa que não tem rosto, cara. Essa, na verdade, é uma disputa entre Aldo e o PT ”, comentou o deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP) no início da noite da quarta-feira. Ele se referia ao relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que começava a ser criticado por ministros de Dilma. O grupo que exigia a imediata aprovação sabia muito bem o que tinha a ganhar ou perder, ao contrário de boa parte do plenário. O deputado Paulo Cesar Quartiero (DEM-RR) é um exemplo típico. Campeão de infrações, ele foi multado em R$ 56 milhões por eliminar 2,7 mil hectares de vegetação sem autorização em Pacaraima (RR), destruir outros 323 hectares de vegetação nativa e impedir a regeneração em mais 3,5 mil hectares. Foram duas infrações em 2005 e mais duas em 2009. Uma de suas fazendas, de cinco mil hectares, chegou a ser proibida de produzir. Quartiero afirma que sofreu perseguição política porque foi um dos líderes dos arrozeiros na região da reserva indígena Raposa Serra do Sol: “O governo fez acusações para provocar a nossa saída da área”, reclama. Ele vendeu o que restou das suas terras e benfeitorias e comprou 11 mil hectares na Ilha de Marajó (PA) para criar gado e plantar arroz.

A alegação de retaliações partidárias é corriqueira entre os infratores. O senador Ivo Cassol (PP-RO) também sofreu multas pesadas entre 2007 e 2009, período em que era governador de Rondônia. Foi acusado de desmatar 160 hectares em reserva legal sem autorização, destruir 352 hectares de floresta nativa e ainda efetuar “corte raso” em 2,5 hectares em Área de Proteção Permanente (APP). Mas fala em caça às bruxas: “Isso foi perseguição do pessoal do PT, pois minhas fazendas têm 50% de preservação. O setor produtivo não pode ser tratado como bandido.” Cassol nega que esteja procurando o amparo da anistia, ao apoiar o texto de Rebelo. “Não quero isenção de multa. Vou ganhar na Justiça.”O senador e fazendeiro Jayme Campos (DEM-MT) é outro que se inclui na turma dos acossados. Foi multado em R$ 5 milhões por quatro infrações impostas em 2004 e 2005, todas já arquivadas. É acusado também de promover desmatamento em APPs às margens de córregos de uma fazenda, a Santa Amália. “Quando cheguei lá tudo já estava assim, tinha sido desmatado em 84, 85 e 86”, diz ele. Campos alega que as multas foram anunciadas depois de declarações que ele fez contra “a truculência” de fiscais.

O Ibama também pegou o deputado Irajá Abreu (DEM-TO), filho da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura e uma das principais lideranças dos ruralistas no Congresso. Multado no ano passado por promover desmatamento em uma propriedade que recebeu de herança em Tocantins, ele afirma que a fazenda “já tinha sido aberta” em 1978, enquanto a legislação sobre o tema só foi aprovada em 1989: “Era um ato jurídico perfeito, que se aplicava na época. Por isso, eu agora defendo a consolidação das áreas.” Ele se refere a um dos pontos mais polêmicos do novo Código Florestal: o fim da exigência de recuperação de florestas em áreas já utilizadas para plantio. O relator Aldo Rebelo prevê a manutenção da área como estava em julho de 2008, quando o projeto foi apresentado.

As multas do Ibama não dizem respeito apenas a infrações cometidas no campo. O deputado Ângelo Agnolin (PDT-TO), por exemplo, construiu um quiosque numa área de APP, às margens do lago que banha a capital Palmas. A multa de R$ 5 mil acabou sendo anistiada num termo de acordo, mas ele não escapou do prejuízo com a demolição do bar de 190 metros quadrados. Casado com a vice-prefeita de Palmas, Edna Agnolin, ele afirma que “tudo é uma questão de interpretação”, pois “o lago é artificial”. Já o deputado Marcos Medrado (PDT-BA) foi multado em 2009 por construir um viveiro de peixes de espécies nativas. Medrado explica que comprou no Pará 50 alevinos de pirarucu registrados, mas não conseguiu apresentar a documentação a tempo. Foi multado em R$ 100 mil.

Fora as pendengas pessoais, o bloco ruralista tende a defender seus financiadores de campanha. Empresas ligadas ao agronegócio doaram pelo menos R$ 45,5 milhões para deputados e senadores nas eleições do ano passado. O levantamento foi feito a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mais de 300 parlamentares receberam doações do setor, mas um grupo de 176 foi privilegiado com doações acima de R$ 100 mil. Sete grandes empresas que doaram um total de R$ 25 milhões têm infrações e multas impostas pelo Ibama. O estoque de autuações nesta área parece interminável. Na prestação de contas do governo federal feita no ano passado, consta a aplicação de ­R$ 14,6 bilhões em multas entre 2005 e 2009. A maior parte é resultante de desmatamento na Amazônia. No entanto, muito pouco desse montante retornou aos cofres públicos. Nos últimos dez anos, foram arrecadados apenas R$ 278 milhões, segundo dados do Siafi apurados pela ONG Contas Abertas. Caso aprovada, a anistia de Rebelo beneficiará infrações cometidas até julho de 2008.

Embora conheça o poder de fogo dos ruralistas, o governo demorou a reagir ao relatório de Aldo Rebelo. Quando percebeu que havia muito contrabando embutido no texto, a presidente Dilma Rousseff pediu aos ministros do Meio Ambiente, Isabela Teixeira, e da Agricultura, Wagner Rossi, que fossem ao Congresso para tentar um acordo. E fez uma recomendação especial: os dois ministros, apesar de suas diferenças, deveriam expressar uma posição única, que representasse o governo. Assim foi feito. Mas, naquela noite, o governo perceberia outra verdade: as bancadas ruralista e governista estavam misturadas. O PT votaria com o governo, mas as dissidências no PMDB seriam consideráveis.

Na manhã da quarta-feira 4, o presidente da Frente Parlamentar da Agricultura, Moreira Mendes (PPS-RO), acompanhou a bancada estadual de Rondônia até o gabinete de Rebelo, para entregar-lhe uma comenda da Assembleia Legislativa. À vontade entre os ruralistas, Rebelo puxou uma enorme faca de cozinha, com cabo de madeira, e começou a picar o seu fumo em rama. Em seguida, entre baforadas, mostrou que era um aliado. “Acontece um tsunami no Japão e querem culpar o agricultor que planta café, cacau, e cria gado em Rondônia.” Ele vê uma conspiração mundial contra o País: “Querem bloquear as possibilidades de uso do nosso solo, subsolo, recursos hídricos, em benefício do nosso desenvolvimento. Como diz certo autor, ‘não existe lugar para os pobres no banquete da natureza’”, filosofou o comunista Aldo Rebelo.

Monday, November 29, 2010

Eu tenho dois times que convivem dentro de mim numa relação dialética e antagônica.
Um é o Fluminense - a tese, o amor, a paixão
O outro, o Flamengo - a antítese, o ódio, a maldição
Um não vive sem o outro. Eu não seria Fluminense, não fosse o Flamengo... É verdade!
Com isso, eu torço duas vezes. Uma pela vitória (do Flu, é claro), a outra, pela derrota (do Fla, é claro). Com isso, mantenho-me no equilíbrio.
Quando o Flu está por baixo, torço pela derrota do Fla.
Quando o Flu está por cima, como agora, continuo torcendo pela derrota do Fla hehehe
Essa é a minha dialética. Quanto mais amo o Flu, mais odeio o Flamengo e o ódio ao Fla faz crescer, cada dia mais, o meu amor ao Fluminense.
Ódio no sentido futebolístico, é claro! É um ódio meio sádico, sem agressões, nem violências. É um ódio interior, que se equilibra e se recria com o amor ao Fluminense. Eu diria... ODOR Od+or (ód/io + am/or) ou poderia ser Amio???
"Flu, 'amio' ou vá para o Flamengo"
Putz! deixa eu voltar aos estudos. Estou lendo o Celso Furtado: "A Fantasia Organizada"
Até daqui a pouco com 3 x 0 para o Fluzão

Monday, November 01, 2010

Caros companheiros, colegas e professores,
Não consigo trabalhar, não consigo dormir, não consigo pensar em outra coisa a não ser no significado da vitória de Dilma.
Todos sabem que votei no Plínio no primeiro turno, por acreditar que uma guinada para a esquerda seria o primeiro passo rumo a uma sociedade mais fraterna, justa e igualitária. Marcamos, com isso, um bela posição, mesmo que pequena. Não me esquecerei do nosso velhinho tentando mostrar didaticamente a presença da luta de classes que ainda existe em nosso contexto social. Foi um momento de educação política que o Plínio nos proporcionou.

No segundo momento sobram dois projetos que não são iguais em suas essências:
a) O primeiro de caráter neoliberal, felizmente derrotado e enterrado, que ameaçaria de vez o que entendo ser um projeto de agricultura de base familiar ou um projeto para as milhares da famílias assentadas pela reforma agrária em todo o Brasil, que amargariam um ostracismo econômico e social sem precedentes em nossa história. Haja vista, o que foram os anos do Presidente Fernando Henrique Cardoso, em que o foco era a ampliação das relações de mercado num espaço social, onde nem a cidadania ainda existia. Sua visão de territorialidade era completamente subordinada aos interesses do capital, como pode ser analisada pelo desempenho do programa de governo o "Novo Mundo Rural" com características puramente economicistas e que alterava as regras de obtenção de terras, reduzindo o papel democrático do direito à terra, pela constituição de assentamentos com um viés de colonização. Nessa visão de "reforma agrária", entre aspas, os "sem terras" assumiriam os riscos adquirindo terras para seus plantios sem nenhuma garantia de futuro. Fora isso, o agravamento da violência física e moral que ocorreu no campo, como forma de reprimir as legítimas reivindicações dos "sem terras" pelo espaço social e cidadão. Não vamos nos esquecer do significado do processo de criminalização dos movimentos sociais e sindicais naquele período, em especial, a perseguição implacável ao MST e suas lideranças.
Tudo isso estava presente em minha mente com a iminente possibilidade de Serra fazer ressuscitar todos esses fantasmas da história agrária recente do Brasil. Na Embrapa, por exemplo, nosso macroprograma de Agricultura familiar estaria com seus dias contados e a perspectiva de existência de espaços para pesquisas nessa área do conhecimento seriam mínimas. Os programas das Universidades Federais, como o SPAF, da UFPel, também encontrariam sérias dificuldades financeiras e orçamentárias para continuarem existindo.

b) O segundo, de Dilma Roussef, é um projeto de governo que dará continuidade às políticas do período de Lula e se apresenta como sendo um período de consolidação dos avanços sociais, em especial, a geração de emprego e aumento da renda das classes mais sofridas da sociedade.
Sabemos que o governo Lula conviveu com grandes contradições no que diz respeito às políticas agrícolas e agrárias. Já dizia a Bíblia: "Não se pode amar a dois senhores", e foi exatamente isso o que Lula fez. Deu ênfase à agricultura de escala, comercial, do agronegócio, das commodites, sob o manto do Ministério da Agricultura. Nesse espaço, o País bateu recordes nas exportações, na produção e na produtividade. Entretanto, nunca se usou tanto veneno como vem acontecendo em nossas lavouras. Os transgênicos receberam bandeira verde do governo e as transnacionais do agronegócio aceleraram suas vendas, ocupando todos os espaços entre grandes, médios e, até, entre os pequenos empreendedores rurais.

De outro lado, sob a batuta do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Lula buscou preservar os avanços das lutas populares e dos movimentos sociais do campo, sejam ligados à agricultura tradicional (base da Contag e da CUT), sejam aos movimentos denominados camponeses, representados pela Via Campesina e MST.
Com isso, a agricultura familiar obteve grandes avanços nos níveis de custeio e investimento, como pode ser observado nos dados do Censo Agropecuário de 2006. O Pronaf vem crescendo em volume orçamentário ano a ano, as cooperativas ligadas a este segmento também vêm mostrando crescimento e solides. Os assentamentos, com todas as dificuldades econômicas existentes, estão sendo implantados e mantidos dentro de limites razoáveis de produção e renda das famílias que os compõem, o que vem causando um certo acomodamento dos movimentos sociais em suas lutas.

Esses quadros, tanto da agricultura patronal como da agricultura familiar, com todas as mazelas e dificuldades que conhecemos, dadas as condições de continuidade entre o novo governo e o que se encerra, com certeza, tende a continuar. A dependência que o Brasil tem sobre os resultados positivos da balança comercial faz crer que as políticas agrícolas se manterão dentro do que foi vivenciado até o presente momento. Não vejo, com a atual correlação de forças políticas, uma mudança radical nessas políticas, para um lado ou para o outro.

A questão que se coloca para mim, é que a Dilma polarizou sua campanha com o lado, digamos, mais capitalista das forças sociais do País, o lado mais conservador, o lado mais oligárquico. Para tanto, basta nós observarmos os espaços territoriais onde Serra conseguiu seus melhores desempenhos nesta eleição, as regiões sul e centro oeste do Brasil. Com esse raciocínio, penso que Dilma deve sua vitória ao segmento que entendeu que tanto a continuidade das políticas sociais de Lula devam ser mantidas, como também avanços políticos podem e devem fazer parte do novo cardápio de sua agenda política. Portanto, antes que a "contra-força" reacionária, e ainda hegemônica, se estabeleça e comece a dar os rumos e ditar as regras em nossas instituições, como se deu em 2003, no início do primeiro governo de Lula, devemos, através de nossas representações político sindicais e dos parlamentares recentemente eleitos, fazer chegar à Presidente todas as demandas que estão presentes em nossas lutas.

No meu caso, tenho preocupações com as alterações no Código Florestal que foram motivo de pressão pelos representantes do agronegócio, mas que o governo Lula conseguiu segurar até esta eleição. Temos que pressionar o novo Governo para rever todos os encaminhamentos oriundos da Comissão Parlamentar que foi responsável pela elaboração do relatório que defende as reformulações no Código Florestal e propor que novas consultas públicas, dessa vez abertas à sociedade, para que tenhamos possibilidades de influir positivamente nestes encaminhamentos.

No mais, mantenho a esperança que Dilma consiga fazer um grande governo, trazer avanços significativos às classes menos favorecidas, reduzindo as diferenças sociais, econômicas e culturais que, infelizmente, ainda estão presentes em nosso País.
Parabéns às mulheres que marcaram enorme posição nessa campanha, lutando contra preconceitos que já deveriam estar enterrados nesse início de século XXI.
Parabéns ao povo brasileiro que fez a opção certa em direção aos direitos sociais.
Viva Dilma, Viva o Brasil

Antonio Maciel Botelho Machado
Em 01/11/2010, em função da vitória de Dilma Roussef à presidência do Brasil.

Saturday, October 02, 2010

Filosofia de Futebol (By Maciel)

Ser Tricolor é, portanto, fazer filosofia, pois é a própria razão de ser feliz. (Maciel, set. de 2010)

Emails para uma amiga (Denise) em 01/10/2010:
Não é questão de ódio. Essa palavra não pode existir entre a gente. É como eu escrevi para o Allan. O gostoso de ser Fluminense é a existência do Flamengo e, acredito que para os Flamenguistas a recíproca torna-se verdadeira. Não é uma questão de "amor e ódio"... É de "amor e desamor". Hoje, o meu amar também é desamar!

No que diz respeito ao futebol, a tese é o fluminense e a antítese, o Flamengo. Na minha cabeça um não vive sem o outro. A síntese é a vontade de ver o Menguinho na segundona e, na hora que ele for para a terceirona, a gente vira a mesa e trás ele de volta para a primeira divisão, a final de contas, o rato (o Flamengo) não vive sem o gato (o Fluminense) e vice versa. Essa é a dialética da bola.

Eu não quero que o Flamengo acabe...
Se isso acontecer o Fluminense vai viver de quê?

Thursday, February 11, 2010

Não, à Reforma do Código Florestal

"Aplaudido por ruralistas, o deputado federal Aldo Rebelo (PC do B-SP) disse nesta quarta-feira,numa audiência pública em Ribeirão Preto para debater o Código Florestal que alguns membros do Ministério Público agem como "braços jurídicos das ONGs" ambientalistas. (...) Ele defende a revisão do código, argumentando que, do jeito que está, a lei prejudica o agronegócio e a economia do país.” Publicado em vários jornais da grande imprensa e recortado em: AmbienteBrasil de 12/fev/2010.

Juro que do alto de meus 59 anos de vida sempre à esquerda, não acreditaria nesta posição do aguerrido companheiro Aldo Rebelo. Marx deve estar se torcendo na tumba vendo o nobre Deputado defender os latifundiários e o agronegócio em nome da defesa da economia do País.

O PCdoB diz-se guiar pela teoria científica de Marx, Engels e Lênin. Por favor, alguém do Partido avisa ao Deputado que ele está jogando no time dos adversário políticos.. István Mészarós nos lembra que “na situação de hoje, o capital não tem mais condições de se preocupar com o 'aumento do círculo de consumo', para benefício do 'indivíduo social pleno' de quem falava Marx, mas apenas com sua reprodução ampliada a qualquer custo, que pode ser assegurada, pelo menos por algum tempo, por várias modalidades de destruição”. Por isso, no lugar onde se encontram os empresários do agronegócio, com certeza, não estarão os interesse dos trabalhadores e nem a preservação do meio ambiente.

Lendo o Programa do PC do B, encontramos como um dos desafios da contemporaneidade:

  1. a degradação ambiental, resultante de concepções e práticas predatórias, responsável pela poluição ambiental e destruição de parte das florestas, dos recursos hídricos, da fauna”.

O que eles querem é plantar soja até a beira dos córregos e das nascentes, em nome dos agricultores familiares. Indaguem a posição da FETRAF, que representa grande segmento da agricultura familiar, sobre este assunto. Perguntem ao MPA ou CONTAG

Ainda no Programa Partidário do PC do B

Capitalismo, um sistema esgotado historicamente

22) A nova jornada libertária brota da resistência do movimento revolucionário, do avanço da consciência e luta dos trabalhadores, do enriquecimento da teoria transformadora e, objetivamente, da senilidade do capitalismo. Depois de 300 anos de existência, é um sistema esgotado historicamente, embora ainda dominante política e ideologicamente. Já na passagem do século XIX para o XX, atingiu sua etapa imperialista. Desde então perdeu o papel progressista e civilizatório que havia tido na superação da milenar sociedade feudal. A humanidade sob seu domínio tem padecido enormemente. Em vez da paz, a guerra; em vez da liberdade, as ameaças constantes à democracia. Condena milhões à fome e ao desemprego. Aumenta a exploração sobre os trabalhadores. Em busca do lucro máximo, destrói a natureza.

Por favor, leiam esse inciso 22, em especial o final do perágrafo. Ou isso não representa mais a posição do PC do B?

A transição do capitalismo ao socialismo no Brasil

O Programa do PCdoB “não trata da construção geral do socialismo, mas da transição preliminar do capitalismo para o socialismo. A questão essencial, e o ponto de partida para a transição, é a conquista do poder político estatal pelos trabalhadores da cidade e do campo. Este triunfo exige o protagonismo da classe trabalhadora”, e não dos EMPRESÁRIOS RURAIS, da CNA, da OCB e do o deputado Moacir Micheletto.

Ainda segundo o Programa do PC do B: “O leque de alianças abarca os demais setores das massas populares urbanas e rurais, as camadas médias, a intelectualidade progressista, os empresários pequenos e médios, e aqueles que se dedicam à produção e defendem a soberania da Nação. A participação da juventude e das mulheres é fator destacado para a vitória deste objetivo”. Por favor, ouçam o MST e a Via Campesina, ou eles não significam mais nada para o Partido?

Por fim, o PC do B deveria incluir a questão ambiental na “transição para o socialismo”. (...), na dinâmica concreta da revolução brasileira, está destinada a ser o terceiro grande salto civilizacional afirmativo da nação brasileira.” Programa do PcdoB

Para concluir, penso que, dadas essas posições equivocadas de alinhamento às posições dos latifundiários para a mudanças do Código Florestal, vejo o meu querido PCdoB mais à direita do que o PT e demais partidos da base governista.

Para terminar, pois esse raciocínio poderia dialogar com todo o documento do Partido que diz exatamente o oposto à posição do Aldo Rebelo, peço que o Partido assuma coerentemente o item 47 do Programa, que trata das questões do Meio Ambiente, e do item “e” que trata da Reforma Agrária, e reveja sua posição equivocada.

Saudações Socialistas

Antonio Maciel Botelho Machado

Tuesday, February 02, 2010

¨Somos semeadores conscientes no campo da vida,
pois diariamente espalhamos milhões de sementes ao nosso redor.
Saibamos escolher sempre as melhores,
para que, ao recebermos a dádiva da colheita farta,
tenhamos apenas motivos para agradecer".
Sônia (desconhecida)

Dialogando com Sonia em 30 de janeiro de 2010
na Comunidade Escandir, do Orkut

Sementes...
Certa vez tive uma experiência
que gostaria de compartilhar com vocês.
Tinha eu um pequeno saco de sementes
as quais seriam semeadas no campo.
Elas haviam sido escolhidas a dedo.
Passaram por testes e mais testes,
sobrando apenas as melhores,
as que poderiam transformar-se,
após as primeiras chuvas,
em mudas fortes e viçosas.
Viajei muitas horas de minha cidade
pensando nas árvores que iria plantar.
Tinham até nome científico...
Cordia trichotoma
Na mala do carro levei também
o saco com as sementes descartadas.
Todos sabem que galinhas se deliciam
com qualquer grão que lhes oferecemos.
Por isso, levei aquele restolho.
Entretanto, na manhã seguinte, um acidente
as galinhas entraram no bagageiro do carro
e o terrível aconteceu...
Elas comeram as sementes selecionadas,
aquelas vigorosas, as melhores...
restando apenas o saco com a serragem,
as folhas secas e as sementes descartadas.
Para não perder a viagem,
peneirei aquelas sobras,
e separei um punhado de sementes
lancei-as ao longo da trilhas,
sem delas nada esperar.
O tempo passou.
Já fazem quase trinta anos
eu, na época, um jovem agrônomo
cheio de idéias novas, tecnologias,
verdades e sonhos para viver.
Hoje, passando pelo velho sítio
fico a lembrar daqueles bons tempos.
Claro que a cena das galinhas,
bem, dessa, eu nunca mais me esqueci.
As córdias cresceram e cresceram.
Hoje sombreiam as trilhas da cachoeira.
Suas flores alvas contrastam com o nome vulgar
...”louro pardo”
Como lição ou aprendizagem...
descobri que as sementes, como nós,
podem se superar, desde que encontrem terra fértil,
a chuva providencial
e alguém que acredite nelas
muito cedo, darão respostas inimagináveis.